Viagens e Aporias na Antropologia Cultural Cabo-Verdiana (1936-1992)

Autores

  • Rui Guilherme Silva

Resumo

Atendendo ao seu objeto de estudo, a antropologia cultural cabo-verdiana, como aliás a portuguesa, inscreve-se na tradição periférica europeia que se ocupa da própria cultura. Já o seu quadro teórico e os seus instrumentos metodológicos serão sobretudo devedores do culturalismo norte-americano, bem como, em menor grau, do funcionalismo europeu. Quando inquirem as transformações da própria cultura nas fases pretéritas da sua formação histórica, os pioneiros da geração de Claridade (1936-1960) buscam exemplos em estudos realizados em campos culturais análogos ao cabo-verdiano, em particular na América Insular ou Continental atingida pela economia esclavagista de plantação. Assim, Ortiz, Redfield ou Malinowski irão emprestar os conceitos de transculturação, aculturação ou mudança cultural aos exercícios antropológicos cabo-verdianos de João Lopes, Félix Monteiro ou Gabriel Mariano. As três fases da revista Claridade (1936-1960), a reação de Baltasar Lopes da Silva às impressões de Gilberto Freyre sobre Cabo Verde (1956), os ensaios sociais de Gabriel Mariano (1958 e 1959) e as intervenções de David Hopffer Almada nas II Jornadas de Tropicologia (1989), realizadas na Fundação Joaquim Nabuco, terão sido os mais copiosos palcos de receção da antropologia cultural e da sociologia americanas em Cabo Verde. Os três primeiros conjuntos textuais, mais ou menos marcados pelo luso-tropicalismo, tornar-se-ão muito profícuos nas construções identitárias do Arquipélago. Já as conferências de David Hopffer Almada constituem uma espécie de súmula crítica dos anteriores discursos da identidade cultural cabo-verdiana.

Palavras-chave: Cabo Verde; Claridade; Antropologia; Culturalismo; Crioulização; Identidade Nacional.

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Publicado

2025-05-16

Edição

Secção

Estudos / Ensaios