Sobre a Revista

Apresentação
Presentation


A revista Arquivo Histórico da Madeira ocupa, desde o segundo quartel do século XX até hoje, um lugar da maior relevância na história da produção do conhecimento e da salvaguarda do património do Arquipélago da Madeira. Constitui, com efeito, a mais antiga revista histórica e cultural ainda vigente – é, por outras palavras, a decana das publicações periódicas de cariz cultural e científico deste espaço insular.
Foi criada em 1931 e, segundo palavras do seu fundador e primeiro diretor, João Cabral do Nascimento, correspondeu a uma «velha aspiração de alguns dos nossos conterrâneos» de ser um veículo editorial «em que sejam transcritos documentos inéditos de valor histórico (e onde também se publicariam artigos de carácter arqueológico e artístico)» (AHM, vol. I, p. 2).
Tendo sido inicialmente editada pela Câmara Municipal do Funchal, a partir do volume II, de 1932, passou a ser publicada como órgão, ou boletim, do Arquivo Distrital do Funchal. Decorrida mais de década e meia, Cabral do Nascimento, que foi igualmente o primeiro diretor deste arquivo, frisou que foi o Arquivo Histórico da Madeira que «determinou a criação do Arquivo Distrital»; na realidade, «Como o decreto 19.952, na sua primeira redacção, fosse omisso quanto ao Funchal na lista dos arquivos distritais, o director desta revista representou ao Ministro da Instrução Pública no sentido de se instituir aqui um organismo dessa natureza, e documentou a sua exposição com os fascículos até então impressos do «Arquivo Histórico». O Governo atendeu o pedido e, na publicação rectificada daquele diploma, acrescentou mais uma alínea ao artigo que enumerava os arquivos distritais, nomeando-se nela o do Funchal.» (AHM, vol. VII, p. 63).
Mormente por razões financeiras e de política cultural, a periodicidade estabelecida nos primórdios – um volume por ano – não logrou concretização do quarto volume em diante.
Após um hiato – entre outros – de sete anos, em 1958 sai do prelo o décimo volume da revista – dirigida, desta feita, por José Pereira da Costa, três anos depois de tomar posse como diretor do Arquivo Distrital do Funchal.
Em 1972, o boletim, nas palavras do novo diretor, António Aragão, toma um outro rumo – «no sentido de o transformar numa espécie de repositório sistematizado da documentação histórica sujeita à guarda do Arquivo Distrital do Funchal ou de quaisquer agrupamentos documentais que digam respeito à história da Madeira e se encontrem dispersos por outros Arquivos» (AHM, vol. XV, p. IX).
A partir da década de 90, no contexto da autonomia político-administrativa da Região Autónoma da Madeira, e já na qualidade de boletim do Arquivo Regional da Madeira (antes Distrital do Funchal), a revista veio a se diversificar no plano editorial, através da edição de bastos volumes e da inauguração de várias séries: um Guia do Arquivo Regional da Madeira (vol. XX, em 1997); a Série Instrumentos Descritivos (em 1998, 1999 e 2016); a Série Índices dos Registos Paroquiais (16 números, com início em 2000); a Série Índices dos Passaportes (em 2000 e 2005); a Série Transcrições Documentais (nos anos de 2003 e 2005); e, finalmente, a Série Colecção Iconográfica (em 2013 e 2017).
No ano de 2019, no âmbito de um processo de reforma editorial consonante com a criação do Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira (ABM) – organismo que resultou da fusão do Arquivo Regional da Madeira com a Biblioteca Pública Regional –, a direção da altura, na pessoa de Fátima Barros, escolheu refundar a revista, denominando-a Arquivo Histórico da Madeira, Nova Série. Ao ABM sucedeu, em janeiro de 2020, a Direção Regional do Arquivo e Biblioteca da Madeira (DRABM), que, por intermédio da Direção de Serviços Centro de Estudos de História do Atlântico – Alberto Vieira, elegeu precisamente como desiderato, entre outros, prosseguir com esta publicação periódica.
A constituição desta nova série insere-se, pois, na pertinente atividade editorial que a DRABM e as instituições que a antecederam sempre evidenciaram. Continuando e honrando uma memória e um legado que contam já com quase 90 anos, ambicionou-se, desta feita, traçar e trilhar um novo rumo, assente em três eixos: a produção e a fixação, de forma criteriosa e certificada, de saber científico; a instituição de uma periodicidade; finalmente, o alinhamento com tendências recentes marcadas pela desmaterialização dos veículos de transmissão do conhecimento e da investigação, o que se traduz na aposta nos formatos digitais e na publicação e divulgação por intermédio da Internet.
No cômputo geral, o Arquivo Histórico da Madeira, Nova Série, inaugurou um novo paradigma editorial no seio do ABM (no corrente, DRABM) e surgiu para auxiliar no cumprimento de dois desideratos axiais: a assunção da relevância desta instituição, no panorama regional e nacional, no tocante à produção de conhecimento sobre a história e à divulgação do património arquivístico; e, à semelhança de práticas salutares por parte de outras instituições nacionais (e internacionais), em grande medida alicerçadas num novo entendimento das funções dos arquivos enquanto promotores de cultura e de ciência, o incremento da sua intervenção em matéria de divulgação científica e extensão cultural, que forçosamente levará ao cultivo de uma relação mais estreita com os utentes e os leitores.
Em termos concretos e sucintos, a revista Arquivo Histórico da Madeira, Nova Série segue os seguintes parâmetros editoriais: privilegia, como temáticas globais, a História, a Memória e o Património – material e imaterial – do Arquipélago da Madeira, e elegerá, por conseguinte, as áreas do conhecimento da História, das Ciências Sociais e Humanas e da Arquivística; tem um Conselho Editorial, composto por colaboradores da DRABM; conta com a colaboração de um Conselho Científico, formado por investigadores e académicos de nomeada e com obra de relevo, externos à instituição editora; cumpre normas editoriais uniformizadoras; vem a lume mediante uma periodicidade anual; é publicada em suporte digital; e fica alojada em linha, no sítio institucional da DRABM (https://ahm-abm.madeira.gov.pt/), permitindo o acesso livre e gratuito.
A findar esta apresentação, cumpre fazer três declarações.
A revista Arquivo Histórico da Madeira, Nova Série, respeita a liberdade dos autores no que concerne à escolha da ortografia; assim, apresentará contributos que seguem o Acordo Ortográfico de 1990 e outros redigidos segundo normas anteriores.
O conteúdo dos artigos e ensaios é da exclusiva responsabilidade dos seus autores, o mesmo se aplicando aos direitos das imagens inseridas.
A denominação, o conteúdo e a permanência das hiperligações e dos sítios da Internet referenciados nos artigos e ensaios não estão sob o controle da DRABM, entidade editora da revista Arquivo Histórico da Madeira, Nova Série; consequentemente, não são da sua responsabilidade.

A Direção
O Conselho Editorial