Contrariar o Deserto Historiográfico Madeirense sobre a Medicina e a Saúde Pública: Análise Crítica e Caminhos Possíveis

Autores

  • Luís Timóteo Ferreira

Resumo

É por demais evidente a constatação de que há um quase deserto historiográfico madeirense sobre a medicina e a saúde pública, seja em termos absolutos, seja em termos comparativos com outros temas e campos da história do arquipélago. Procurar-se-á demonstrar esta situação com alguns dados quantitativos, procedendo a um levantamento exaustivo e a uma análise crítica e interpretativa da historiografia madeirense sobre o tema. Recusando qualquer tipo de polémica vã, parte-se do pressuposto que o que define a historiografia madeirense é a espacialidade insular dos objetos históricos presentes nos tradicionais ou nos renovados campos de investigação histórica.
Medicina e saúde pública fazem parte de um campo hoje bastante amplo chamado ciências da saúde, ainda que ambos extravasem para campos das ciências sociais como a sociologia ou a antropologia da saúde, da doença e das profissões ligadas à saúde. A opção pela manutenção daquelas duas categorias não representa a exclusão de outras ciências, mas a admissão, sem dúvida questionável, de que aquelas categorias cobrem o essencial das ciências da saúde até, sensivelmente, o final do século XIX. Quanto à categoria medicina, entenda-se também inclusa a cirurgia, a farmácia e a enfermagem. Quanto à categoria saúde pública, convoca a possibilidade de identificar e traçar o desenvolvimento de saberes, de práticas, de tecnologias, de instituições e de políticas que se conjugaram ao longo do tempo. Refira-se ainda que as tradicionais histórias da medicina e da saúde pública têm sido enriquecidas nas últimas décadas com a constituição de novos objetos que deslocaram pontos de vista: a história das doenças, dos doentes, dos marginalizados e dos corpos.
Por fim, a partir do levantamento quantitativo e da análise crítica e interpretativa da historiografia madeirense sobre a medicina e a saúde pública, bem como a partir da minha própria investigação em curso, procurar-se-á apontar caminhos possíveis de continuidade e renovação dos enfoques.


Palavras-chave

Arquipélago da Madeira; História; Historiografia; Medicina; Saúde Pública.

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Publicado

2023-02-24

Edição

Secção

Estudos / Ensaios