Exemplos para a História da Ortografia no Funchal: Da Paisagem Linguística ao Património Linguístico com a Toponímia

Autores

  • Helena Rebelo

Resumo

Numa comunidade, como a citadina, há heranças linguísticas de um passado mais ou menos longínquo visíveis no presente, em pleno espaço público. Em gerações consecutivas, os antepassados deixaram registos escritos que são reflexos das mudanças ortográficas ocorridas ao longo do tempo, devido, sobremaneira, a opções políticas que alteraram a grafia. Consequentemente, convivem (orto)grafias diferentes num mesmo território porque permanecem marcas de épocas anteriores. Umas estão mais visíveis do que outras. Algumas encontram-se em espaços interiores, enquanto muitas se situam no exterior como elementos da Paisagem Linguística. Todas são bens patrimoniais, embora as haja menos valorizadas. Porque comportam linguagem verbal, integram, directamente, mas também indirectamente, uma componente de Património Linguístico. Pretende-se observar o caso do Funchal, num percurso não linear pela cidade. Registam-se os dados nas ruas, prestando atenção aos pormenores da paisagem funchalense, seja ela não linguística, linguística ou mista e simbólica. Recolhem-se informações, em especial nas placas toponímicas a indicar artérias e, ainda, nas marcas comerciais com publicidade e logótipos coloridos, além de vários sinais, inclusive de trânsito, que revelam particularidades ortográficas. Todos os elementos linguísticos são informativos. Associam-se a indicações de Património Linguístico espalhadas pelos diversos espaços urbanos. Olhando de perto, com atenção, os elementos da paisagem oferecem matéria de estudo linguístico. Neste amplo conjunto de manifestações patrimoniais que surgem na paisagem urbana, pretende-se destacar a História da Ortografia, através de alguns exemplos, com décadas e séculos, colhidos através de fotografia, no Funchal, entre 2019 e 2022. A observação desta amostra constitui, por si, um corpus. Dele, extrai-se uma descrição de alguns tópicos relativos à escrita, mais precisamente à representação ortográfica. Os pormenores paisagísticos identificam-se como vestígios de um Património Linguístico directo e indirecto, herdado, mas que a comunidade vai alterando, reconstruindo e também constituindo, para o legar às gerações vindouras, mantendo incongruências e combinações improváveis. As escritas da cidade de ontem renovam-se hoje e perpetuam-se no amanhã. Assim acontece com o Funchal na paisagem e no património linguísticos, nomeadamente na toponímia.

 

Palavras-chave: História da Ortografia; Paisagem Linguística; Funchal; Toponímia; Património Linguístico.

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Publicado

2022-05-02

Edição

Secção

Estudos / Ensaios