Formas de Tratamento de Segunda Pessoa do Singular em Português: Representações e Crenças de Falantes Madeirenses
Resumo
As formas de tratamento (doravante FT) de segunda pessoa do singular, disponíveis para uso em português, numa grande variedade de contextos de interlocução social, constituem um sistema complexo, marcado por uma grande diversidade formal, em termos de categorização morfossintática, e de condicionamentos a nível pragmático. Pretende-se, neste artigo, partilhar os resultados de dois estudos realizados em 2019 e 2021 sobre este fenómeno junto de falantes madeirenses do português europeu (PE). Através dos dados provenientes da aplicação de dois questionários a 345 e 93 participantes, respetivamente, procurou-se perceber quais os julgamentos de aceitabilidade e o valor social assumido pelas diversas FT, selecionadas em função de contextos de interação social, caracterizados por uma maior/menor proximidade e assimetria entre interlocutores. De um modo geral, observa-se nos dois estudos (i) uma maior preferência por formas nominais em detrimento das formas verbais com sujeito nulo e (ii) alguma especificidade no modo como os falantes madeirenses avaliam as FT em contexto familiar. Neste domínio, a FT “o senhor”/”a senhora” para familiares mais velhos (filho/pai; neto/avô) constitui uma alternativa nas escolhas dos inquiridos madeirenses e a FT mais em uso na variedade padrão do PE (o pai + V3sg, (tu) + V2sg). Os dados obtidos apontam ainda para a relevância de fatores sociais, tais como o nível de escolaridade e a idade dos participantes madeirenses na avaliação de FT, dando conta da divergência de crenças sociais, sobretudo em domínios em que as interações sociais são marcadamente mais assimétricas.
Palavras-chave
Formas de Tratamento em Português; Segunda Pessoa do Singular; Falantes Madeirenses; Estudos de Avaliação; Variação Linguística e Social.
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