Contra a Corrente de Graça Alves e 20 de Fevereiro de Octávio Passos: Imaginários de uma Catástrofe no Meio de Escombros Reais
Resumo
Com este estudo, pretende-se observar representações literárias e visuais de uma paisagem transtornada pelo temporal que se abateu na Ilha da Madeira, a 20 de fevereiro de 2010. O livro de contos Contra a Corrente de Graça Alves, publicado em 2011, e o álbum de fotografias, 20 de Fevereiro, de Octávio Passos, lançado em 2012, vieram, de facto, não somente testemunhar a fúria das águas, mas também propor um olhar particular sobre essa catástrofe natural. Ambos fixam discursos que traduzem experiências humanas que um presente subitamente distópico ocasiona. Porém, é essa mesma presença humana que se constitui como portadora de sinais de esperança. Tais discursos comovedores e cativantes, ainda que ficcionados ou singularmente perspetivados, apresentam-se como processo de resiliência em resposta ao caos desencadeado e como modo de contrariar a possibilidade do esquecimento. A força evocativa do vivido ou presenciado, ora narrado com imaginação ora mostrado através de uma reportagem fotográfica, fixará os encontros, desencontros e reencontros que a catástrofe originou. Propondo uma leitura entrecruzada dos dois livros em apreço, interrogar-se-ão as implicações existentes entre a representação individual e a memória cultural, que contribuem para a construção de um imaginário integrador desse episódio com vista à sua transmissão para as gerações seguintes.
Palavras-chave
Catástrofe Natural; Memória Cultural; Representação Literária e Visual; Leitura Entrecruzada; Cultura Madeirense.
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