As Freiras do Convento de Santa Clara do Funchal: Ofícios e Cursus Honorum (1733-1752)

Autores

  • Mariana Gomes Pacheco

Resumo

Os estudos sobre conventos femininos centram-se em grande parte na sua norma, desvios à regra e sustento económico, condicionados que estão pelas fontes usualmente preservadas: regulamentos, tombos e livros de contabilidade e visitas de fiscalização. O Convento de Santa Clara do Funchal foi mandado edificar em meados do século XV, por João Gonçalves da Câmara, tendo por intuito o recolhimento de raparigas nobres da Ilha, entre as quais as suas próprias filhas, sob a Regra Urbanista de Santa Clara. Num meio religioso de perpétua clausura, as clarissas funchalenses constituíram uma comunidade exclusiva, praticamente autónoma e contando com uma população conventual que ultrapassava regularmente as cem religiosas professas, na primeira metade do século XVIII. A existência de uma tamanha comunidade, em oposição a uma pequena panóplia de ofícios estabelecidos, levou-nos a questionar a possibilidade de reconstituir o cursus honorum das religiosas que desempenharam os cargos considerados mais dignificantes. Assim, propomo-nos reconstituir e compreender o funcionamento das relações de poder e da distribuição das honrarias no convento funchalense, analisando, para esse efeito: 1) um translado de 1781 das Constituições Gerais para as religiosas da zona franciscana cismontana (1676); 2) o único livro preservado da Confraria de Escravas de Nossa Senhora do Monte (1750/1751), onde constam os nomes das religiosas, educandas e serventes do convento; 3) as atas de eleições dos ofícios do convento de 1733-1752, com o nome das religiosas eleitas e o número das professas que trienalmente votavam para a eleição da abadessa; 4) e os autos de perguntas às noviças para os anos
entre 1726 e 1752.

Palavras-chave: Convento; Clarissas; Ofícios; Funchal; Século XVIII.

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Publicado

2025-05-16

Edição

Secção

Estudos / Ensaios