O Quotidiano da Comunidade Franciscana Masculina na Madeira, nos Séculos XVIII-XIX: Parte I – Administração e Aspetos Religiosos
Resumo
No arquipélago da Madeira, a presença de franciscanos, da Ordem dos Frades Menores, é conhecida desde a chegada dos primeiros povoadores portugueses, na década de 1420. Por volta de 1440, estabeleceram a primeira comunidade religiosa organizada, com a criação, no Funchal, do eremitério de São João da Ribeira. A partir desta data e ao longo dos séculos seguintes fundaram oratórios, hospícios e conventos, estando em atividade, entre a década de 30 de Setecentos e 1834, período estudado neste artigo, em cinco espaços conventuais masculinos no Funchal, Santa Cruz, Câmara de Lobos, Calheta e Ribeira Brava, pertencentes à custódia de São Tiago Menor, criada a 5 de junho de 1683, extinta e depois reposta a 15 de setembro de 1702.
Os franciscanos viviam em comunidade conventual, com voto de obediência, castidade, caridade e pobreza, renunciando às propriedades urbanas e rústicas e ao dinheiro, vivendo das esmolas e do trabalho. As tarefas quotidianas dividiam-se em religiosas ou profanas e em rotineiras ou esporádicas, como as das épocas festivas.
Os franciscanos prestavam serviços religiosos à população como missas, ofícios, enterros, sermões e cantorias, quer realizados nos espaços conventuais, quer nas igrejas paroquiais, capelas e oratórios particulares, recebendo pelos mesmos uma esmola.
As comunidades franciscanas estavam organizadas em estrutura hierárquica, onde constavam o custódio, o guardião, discretos, leigos, etc. Para as tarefas profanas do quotidiano, internas e externas ao convento, requisitavam os serviços de moços, padeiros, cozinheiros, barbeiros, hortelãos, lavadeiras, transportadores, pedreiros, carpinteiros, etc. Estes aspetos da administração, organização e do quotidiano religioso são desenvolvidos ao longo deste artigo.
Palavras-chave
Madeira; Franciscanos; Conventos; Quotidiano; Missa; Procissão; Enterro; Ornamentos.
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